Artur Piano da Cortebel em discurso directo

Artur Piano encara a diferença de forma natural, aliás, a única forma como deve ser encarada. Desde o tempo em que as colaborações entre marcas ainda estavam para ser feitas, Artur Piano dava os passos que eram necessários e trazia para a frente de loja marcas como a Carhartt, Stüssy ou Vans, porque o Porto tinha então essa falha.

À frente da Icon Jeans, reconhecida loja da invicta no mundo da diferenciação, deu a conhecer essas e outras, sempre com vontade de partilhar mais e dar mais a conhecer. Hoje dedicado em pleno à Cortebel, uma marca de calçado, Artur Piano falou connosco sobre um percurso feito por si, e ainda sobre algumas questões relacionadas com a “educação visual”, em Portugal.

Para ler em baixo.

Sabemos que foste responsável por algumas lojas de referência no Porto como a Icon Jeans – podes falar-nos sobre essa experiência?

O meu objetivo é, sempre foi, juntar, Denim com Ténis…. Hoje prefiro chamar calçado desportivo!!! A “Icon” resume tudo isso – Levi’s com Nike – Carhartt com Vans – Stussy com Evisu etc… Só mais tarde essas parcerias se deram oficialmente.

E desde então, neste momento desenvolves a tua actividade ligado a alguma marca, loja?

Neste momento estou totalmente envolvido no desenvolvimento de uma nova linha de uma marca Portuguesa de 1965, que foi fornecedora oficial do Exército Português nas suas campanhas em África, a “Cortebel”.

A fábrica possui um vasto stock – que surgiu do desenvolvimento de produto para vários clientes internacionais durante os anos 80 e 90. Desse património serão tiradas algumas pérolas que irão definir as futuras colecções.

Cortebel

«Como te vestes é um código socialmente fortíssimo

Achas que ainda existe um “problema” de falta de necessidade (na generalidade) de diferenciação em Portugal?

É tudo uma questão de escala. Somos um pequeno país muito caseiro, ficamos muito por cá a olhar uns para os outros e assim nada muda !!!

Os pais não deixam os filhos sair de casa antes de terem um situação estável ….. que acontece cada vez mais tarde, ou nunca no entender da mãe … e os filhos também não querem sair do quentinho da casa dos pais… Logo há a pressão familiar sobre a formação de cada um .

Como te vestes é um código socialmente fortíssimo. Tens o teu bairro todo a olhar para ti, todos te conhecem desde pequenino e acompanham as tuas vidas…. por dentro das vidraças. Big Brother .

Se sais do código aceitável estás marcado … és um qualquer coisa que uns ignorantes te colocam sem tu sequer te dares conta, és o último a saber. Felizmente há cada vez mais malta a vir cá e malta a sair. Estudantes, turistas, viajantes e isso acaba por nos trazer a diversidade.

Por contágio tenho acompanhado mais o calçado … Na roupa sempre fui um básico e estou mais refinado um pouco, é da idade…

O que é que achas q é necessário fazer para melhor promover a educação visual em Portugal?

“Educação Visual” ganha-se viajando, conhecendo outros mundos, novas realidades.
E os outros mundos de que te falo estão em todo o lado. Não tens de ir muito longe para os descobrir. Tens só de estar disponível para os ver.

Por fim, partilha connosco sobre o que é que te fez sentir a necessidade de sair do rebanho mainstream…

Nem lá entrei. Antes que pudesse entrar já tinha visto muito…  Aos 16 estive um mês nos Estados Unidos já tinha viajado por Portugal inteiro, morado em Moçambique. Com 17 vivi um ano e meio no Brasil…. A vida deu-me todas essas janelas…

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