Um sonho da Califórnia tornado realidade. Esta é a história de Tait Hawes, Coordenador de Arte na Vans. Desde 2004, ano em que se juntou à marca californiana, que Tait entendeu que ser parte da Vans é muito mais do que ter um simples trabalho numa marca. Trabalhar na Vans é ser parte de uma família, é acreditar na diferença, é aprender a partilhar um empenho em ser um explorador. Numa conversa transparente, Tait explica-nos o interesse pela arte e pelo desenho, a entrada na marca, o processo de criação de histórias, e o que é afinal ser parte da família Vans. Leiam em baixo e percebam a importância de ser Vans.
Podes falar-nos sobre as primeiras memórias que tens de desenhar? De criar o teu primeiro esboço?
Tenho-o à minha frente neste momento. Encontrei-o numa caixa cheia de coisas de quando era miúdo que estava por cima da minha secretária. É o desenho de uma rapariga de tranças, parece ser índia (americana). Desenhei isto quando tinha 9 anos (e só sei isto porque a data está escrita no verso). Tem uma trança preta e uma trança castanha. É provável que tenha sido influência da minha avó que trabalhou com os índios Hopi e estava sempre a falar-me sobre eles. Quem sabe… mas acaba por ser o primeiro desenho do qual realmente me orgulho.
Sempre sentiste a necessidade de criar, de dar uma aparência visual ao fluxo da tua imaginação?
Sim, como em vagas. Há alturas de alguma resistência, e há outros momentos em que essa necessidade existe em permanência. Tive que arranjar a melhor forma possível de lidar com isso.
Como é que chegaste a Director de Arte na Vans?

Tait Hawes | Auto-retrato
Mudei-me para Los Angeles em 2003 e na verdade senti-me como se tivesse voltado para casa. Cresci na região de New England (noroeste dos Estados Unidos) com a Califórnia a moldar-me durante a minha juventude, através das revistas de surf e de skate.
Em 2004, depois de estar a trabalhar como freelancer durante um ano, o meu amigo Mark disse-me que havia uma vaga para Director de Arte na área de Desportos de Inverno, e dado que comecei a desenhar peças gráficas de snowboard, pensei que poderia ser uma boa.
Isso aconteceu há nove anos, por isso penso que sim! Obrigado Vans!
O que é que podes dizer-nos sobre o processo de criação de sneakers?
Sinceramente não posso pronunciar-me porque nunca desenhei sneakers, mas posso falar sobre o processo de criar uma história visual para vender uns sneakers.
Em todas as ocasiões começamos por olhar para a nossa história para melhor saber sobre o nosso futuro. É sempre inspirado pela grande família Vans. Tem que honrar os nossos fãs e dar todas as informações àqueles que acabam de nos conhecer. Tem que ser intuitivo, colectivo, ligado à nossa herança, à nossa autenticidade, e normalmente requer muita cafeína!
Começa com uma inspiração básica que habitualmente tem muito pouco a ver com o que interessa de facto, mas dá aquele click. Depois há muitas sessões de crítica, opiniões, mudanças e alterações. O que fica. O que sai. Sendo honesto o suficiente para reconhecer o que tem de sair e criar o espaço necessário para fazer com que as coisas aconteçam.
O meu objectivo é em que todas as peças criativas que criamos haja algo que inspire alguém e crie uma relação, um sentimento. Adoro coisas criativas e que me inspiram a fazer coisas.
Quais são os teus sentimentos para com a Vans? Acreditas que é bem mais do que uma “simples” marca de roupa e calçado?
É muito mais do que uma marca de calçado. É uma família. Foi criada com a nossa história e com os elementos das nossas equipas de skate, de rua, e todo o trabalho que acontece à minha volta inspira-me todos os dias.
Mas, na verdade acaba por ser simples. Temos umas bases incríveis que nos ajudam a criar e a experimentar, porque a essência é mesmo “Off the Wall”. Vamos ao encontro de todos aqueles que fazem as coisas de forma diferente. Aqueles que saem do caminho. Aqueles que fazem as coisas porque precisam, porque é isso que os faz continuar. Adoramos todos os que são underdogs porque nós também somos. Não temos receio nenhum em encarar as coisas de frente.
Como é que projectas o futuro da indústria de calçado, tanto em termos de materiais, como de design?
Já vi os designers de calçado fazerem coisas incríveis com os nossos sneakers que fizeram com que a nossa marca evoluísse muito, mas sempre “à maneira da Vans”. O truque é esse. Para mim, tudo vai ficando mais simples à medida que vou ficando mais velho. Um par de Authentics por favor! E um de Eras se preciso de mais algum suporte.
A minha equipa de arte teve a necessidade de começar a pensar no digital em vez de só em materiais impressões. Deixámos de criar só para revistas e cartazes, criamos para o digital também. Na Vans estamos na junção de momento em que o digital dá àquilo que é impresso.
Neste momento também está a haver uma forte mudança cultural, com um reforço daquilo que é individual, e acho que como marca conseguimos acompanhar isso da melhor forma.
Por fim, podes dar-nos algumas pistas de futuros lançamentos?
Vão ser demasiados para estar a nomeá-los. Fiquem atentos. 2014 vai ser um ano épico.