Erik Fagerlind, da Sneakersnstuff, em entrevista
Domínio mundial? Uma loja da Sneakersntuff em cada esquina? Longe disso, mas a verdade é que a loja que um dia começou em Estocolmo, em 1999, está hoje presente também em Berlim, Londres, em Nova Iorque e em Paris (além de uma segunda loja na Suécia, em Malmö).
O negócio da Sneakersnstuff continua no entanto a ser o de partilhar uma imensa paixão pelos sneakers e por todo o mundo que os rodeia. Falámos com Erik Fagerlind, um dos sócios da Sneakersnstuff.
Histórias de sneakers, a marca própria da loja, planos de expansão mundial e o que é isso de fazer de uma marca e de uma loja algo emocional são alguns dos temas da conversa. Leiam em baixo.
A Sneakersnstuff existe desde 1999 – qual foi a motivação inicial para abrir a loja?
Eu e o Peter (Peter Jansson, o outro sócio da SNS) trabalhámos em várias lojas de desporto durante os anos 90, mas sentíamos que não havia ninguém a vender sneakers para serem usados nas ruas.
Todas as lojas na altura vendiam sneakers apenas para a prática desportiva, mas a verdade é que a maioria das pessoas comprava para calçá-los na rua e como parte de um conjunto. Nós queríamos ser a loja de Estocolmo que fornecesse isso mesmo: sneakers como parte de um estilo de vida.
Foi difícil terem todas as marcas que queriam na altura (sabendo que a loja estava apenas a começar) ?
Na altura era muito diferente. Mas, sim foi difícil começar a comprar directamente às marcas. E mesmo quando o fazíamos, marcas como a Nike não tinham um departamento de sporstwear na altura.
Tínhamos que ir a Nova Iorque comprar os senakers que simplesmente não estavam disponíveis no mercado europeu.
Por favor partilha connosco uma história inesquecível que vocês tenham passado com a Sneakersnstuff.
Wow – existem tantas memórias. Mas uma que aconteceu recentemente destaca-se claramente. Como estamos sempre a ir aos Estados Unidos estamos habituados ao pessoal mal encarado no controle de passaportes em Nova Iorque.
No início estávamos sempre nervosos a pensar que não nos iam deixar entrar. É sempre a mesma coisa, eles questionam porque é que vamos aos EUA tantas vezes, com o que é que trabalhamos, como é que temos dinheiro para ir tanto aos EUA se só vendemos sneakers.
Quando lá fomos em Dezembro em busca do Shaq aconteceu uma coisa muito engraçada. Eu levava os sneakers dele numa caixa especial como parte da bagagem de mão. Tínhamos a informação de que ele estava em Atlanta.
Ainda tínhamos que voar para Nova Iorque e eu estava preparado para explicar às autoridades à entrada o porquê de eu estar a entrar nos EUA outra vez, e aí pensei que esta secalhar era um bocado rebuscada, então que o melhor seria só dizer que íamos fazer uma visita a uma marca.
Mas, o oficial no controle dos passaportes começou logo com «Trabalhas com quê?» e eu respondi o costume: «Eu vendo sneakers». O oficial olhou para mim e ficou muito entusiasmado – «Tu és da Sneakersntuff? Encontraste o Shaq? Tens os sneakers contigo?»
Ele sabia toda a história e o porquê de nós termos ido até aos Estados Unidos à procura do Shaq e começou a comentar isso mesmo com o colega do lado.
O facto dos agentes da fronteira saberem o que eu estava ali a fazer foi muito importante e é quase como um verdadeiro marco que simboliza o nosso percurso desde a altura em que abrimos a loja até onde nós chegámos agora. Uma verdadeira lição de humildade.
Em Outubro de 2013 a Sneakersnstuff lançou a sua primeira colecção de marca própria – já existe alguma info ou previsão sobre colecções futuras?
Aprendemos muito com esse lançamento de produto. E vamos continuar a criar com a nossa própria marca.
Mas como queremos oferecer algo especial vamos demorar mais algum tempo até ao lançamento da próxima colecção. É possível que saiam apenas algumas peças únicas entretanto, contudo uma colecção completa agora só mesmo na Primavera de 2015.
A Sneakersnstuff colaborou recentemente com a Reebok numa série de modelos – é possível revelares algo sobre novas colaborações a lançar?
Dado que nós e as marcas envolvidas têm um cuidado muito particular como toda a história que é criada para cada novo produto, é-me impossível revelar algo específico no momento.
Mas posso adiantar-te que estamos no momento a trabalhar em novas colaborações com a Reebok, com a Puma, Asics, Le Coq Sportif, New Balance e outras marcas.
Em Maio passado vocês abriram a primeira loja em Londres. O que é vos fez abrir uma loja na capital britânica?
Porquê Londres? Bem, porque basicamente é a capital da Europa. E dado que estamos a tentar trabalhar a nossa marca e dar-nos a conhecer, pensámos que o melhor mesmo era estarmos em cidades com as quais as pessoas tenham uma relação forte.
Londres, Paris, Milão, Nova Iorque, Tóquio, por aí. É óbvio que não será possível abrirmos lojas em todo o mundo ao mesmo tempo, mas estamos em busca de oportunidades e planeamos uma expansão ainda maior durante o Outono de 2014 e a Primavera de 2015.
Na tua opinião, e como fã e adepto dos sneakers, o que achas que é fundamental quando se está a construir uma comunidade num país onde essa experiência social simplesmente não existe?
Basicamente acho que se fizeres coisas boas e se fores simpático e bom para as pessoas – as coisas boas acabam por acontecer. Nós por exemplo sempre tentámos partilhar a nossa paixão pelos sneakers e mostrarmos que ainda somos de facto uma pequena empresa, isto apesar de sermos cada vez maiores. Acho que passa tudo por aí.
Por fim, algumas palavras para a comunidade de fãs de sneakers que está neste momento a crescer em Portugal.
A comunidade sneaker é algo global. Só porque vives numa cidade que não tem acesso a uma loja com lançamentos da colecção Tier Zero, ainda assim é possível teres acesso a esses modelos.
Estou esperançado que um dia possamos abrir uma Sneakersntuff também em Portugal.
Descubram mais sobre a Sneakersnstuff.
*“Em busca do Shaq” foi uma acção feita por Erik Fagerlind e Peter Jansson nos Estados Unidos para oferecer um par do reconhecido modelo SNS x Reebok Shaqnosis “Tribute”, feito em colaboração com a Reebok ao lendário Shaquille O’Neal. A equipa foi de propósito a Atlanta em busca do jogador para lhe entregar os sneakers pessoalmente.