Uma conversa sobre sneakers com Pedro Oliveira da Gang of Four

Um dia, Pedro Oliveira encontrou um par de sneakers numa montra. A partir de então, a sua relação com o mundo dos sneakers transformou-se para todo o sempre.

A dedicação à causa cresceu, e continua ainda a crescer todos os dias, com o trabalho feito com a Gang of Four, loja de Coimbra que espalha sabedoria street pela região centro. Os sneakers novos, as colaborações perfeitas, e o que é isso dos sneakers em Portugal estão entre os temas de uma entrevista feita para ler devagar, como uma história.

Desde quando é que segues com regularidade o mundo dos sneakers? Quais são as tuas primeiras memórias?

Acho que foi desde o secundário, passei a ir com regularidade “visitar” as montras das casas de desporto da cidade, na altura havia muitas e cada uma com a sua “onda”, estou a falar de “onda ténis”, “onda basquetebol , “onda futebol de salão” (sim, porque agora a maior parte das sapatilhas de futebol de salão são feias, mas na altura havia algumas excelentes!), depois apareciam modelos para outras modalidades, vólei, andebol, atletismo e etc., eu já na altura alinhava em tudo.

As minhas primeiras memórias foram exactamente antes de ir para o secundário (86/87), sempre tinha andado na escola junto a casa e raramente ia ao centro da cidade (de Coimbra), que fica a cerca de 15 kms. Numa saída para ir comprar sapatilhas com o meu pai (na altura tínhamos umas, usávamos até destruir e só depois tínhamos outras) numa montra qualquer vi as sapatilhas mais bonitas da minha vida.

Eram bota, em nylon prateado (parecia metal) e com uma correia em velcro no tornozelo, fiquei vidrado, o meu pai acedeu e acabei por comprá-las apesar de só fazerem a partir do 39 e eu calçar na altura 37… Dei cabo delas muito rapidamente. Anos mais tarde percebi que eram uma cópia, feita por uma marca portuguesa, das Nike Vandal 85. Ainda hoje gosto muito (das Nike claro).

O que é que te move quando procuras uns sneakers novos?

Tenho-me apercebido que se tornou um vício (do tipo “hobby”). Como gosto de “juntar”, modelos, marcas, cores (e outras desculpas que não vale a pena enumerar), acabo por procurar o que acho que “faz falta” no meu ajuntamento. Logo, posso andar à “caça” de uma marca, um modelo, um padrão, um tipo de material, um tipo de sola, uma cor, etc. Uma coisa é certa, ando sempre à “caça”, seja para mim ou para outros.

Quais foram os últimos sneakers que compraste?

Ainda estou à espera delas, Pony Top Star Hi, ainda não tinha nenhumas Pony. Gosto. E acho que é mais uma marca que vai reaparecer. Se, por ainda não as ter recebido não puderem contar, recebi recentemente as minhas Le Coq Chamonix Ripstop, mas terei de esperar dias mais frescos para as poder usar. E já para agora, as minhas Keds x Open Ceremony…

E para ti, quais são os sneakers do ano, até ao momento?

Há uns dias atrás diria as Nike Air Max 180 German Camo, hoje já digo as Nike Air Lunar Force 1 x Fragment Designs (ando vidrado nos nipónicos e adoro tudo o que for “snake ” ou “croco”). Amanhã, não sei… mas espero chegar ao final do ano com outras maravilhas no goto. A bem da verdade esta malta não está para nos desiludir, pois não?

E já agora, qual é que seria a colaboração perfeita entre marcas, e que ainda não aconteceu?

Eh lá!!! “Aim to the stars!!” Neste momento, e como já expliquei que ando com a “pancada” dos japoneses, diria uma parceria entre a New Balance e a Wtaps, com um novo tipo de camo talvez, mas se parar para pensar mais um pouco, apareço logo com mais nomes e/ou marcas… (é a maravilha deste mundo)

Achas que seria importante ter uma comunidade mais unida em Portugal? Que interagisse e se mexesse mais?

Penso sempre nos prós e nos contras de um crescimento. Em Portugal estamos mal servidos de alternativas para podermos adquirir os modelos que saem, e confesso que nem sequer é essa a minha “cena”, a de ter os modelos da “berra”, mas se houvesse mais procura, eventualmente cresceria o número de casas a apostar neste mercado e teríamos mais oferta, por outro lado não gostaria de chegar ao ponto que está noutros países, a de uma corrida desenfreada ao modelo do “guito” e de comprar para vender com preços especulativos e tal. Não curto essa onda…

Em todo o caso, tenho uma enorme panóplia de amigos e conhecidos que gostam de sapatilhas, talvez não ao ponto de “juntarem” centenas, mas que considero serem verdadeiros amantes da causa. Ora porque estão ligados a um desporto específico e têm dentro dessa “área” um grande orgulho nas possessões pessoais, ora porque têm a noção estética do modelo clássico que usam há anos e que se tornaram quase imagem de marca.

Se repararmos não são assim tão poucos, são é “reservados” e quase têm vergonha de o admitir. Ou então nunca se aperceberam que o são. Aí talvez fosse melhor que houvesse mais interacção! Mas, caríssimo, não é isso que estás a provocar?? Até há relativamente pouco tempo, nunca tinha tido oportunidade de falar sobre isto, ainda por cima a pessoas que se interessam. Agora já deixei de ser o “anormal” para passar a ser um “coleccionador”, hehehehe.

Deixa-nos a tua opinião sobre o que achas que devia ser feito para o mercado dos sneakers e do streetwear ter a devida atenção entre nós.

Como em tudo na vida, acho que o que faz mover verdadeiramente é a paixão. se existir, o resto irá surgir naturalmente, porque surge de algo verdadeiro. Cada qual deve procurar aquilo com que se identifica e seguir o caminho que daí advir, sem barreiras, sem pré-delimitações, com verdadeira entrega e sem esperar nada em troca. Este espaço é a maior prova disso!!!

 

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